Brasil já tem 62 projetos de hidrogênio verde e a tendência é aumentar nos próximos anos.
A Associação Brasileira de Hidrogênio anunciou que cerca de US$ 70 bilhões de investimentos em novos projetos de hidrogênio verde estão sendo realizados no Brasil e, atualmente, existem 62 projetos para a produção da tecnologia que reúnem capacidade anunciada de eletrólise de 43 GW. Os dados foram elaborados e apresentados por Mônica Saraiva Panik, diretora da e mentora de mobilidade a hidrogênio da SAE Brasil.
Embora haja maior concentração no Nordeste, onde estão os projetos de grande escala, com destaque para o Estado do Ceará, berço do hidrogênio verde no País, há iniciativas em todas as regiões.
Panik contou que foram mapeados mais de novecentos atores de toda a cadeia do hidrogênio verde, sendo que a maior parte deles está no Sudeste, desde a geração de energias renováveis, produção e distribuição de hidrogênio até indústrias consumidoras, setor de transporte, academia, bancos e associações.
A partir de 2027 terá início a produção em larga escala no Brasil por parte de empresas que já anunciaram investimentos e capacidade de produção.
“Embora a maior motivação seja a exportação de hidrogênio e amônia porque já é um mercado conhecido o produto também atenderá ao mercado local, que está se formando”, afirmou a especialista, para quem movimento recente de parcerias de empresas do setor elétrico e de gás industrial com as consumidoras de hidrogênio como insumo está puxando o setor, a exemplo do fornecimento da White Martins para a Cebrace, para fazer a planificação do vidro, e da Eletrobras com a Suzano Papel e Celulose, para branquear o papel.
Na mobilidade o momento também é estratégico, assegurou Panik: “Hoje o setor de biocombustíveis já entende que o hidrogênio não é concorrente do etanol, mas que abre novas oportunidades de negócios para o setor. E o mercado também compreende que veículo a célula de combustível não compete com o movido a bateria, uma vez que ele é um veículo elétrico que gera sua própria eletricidade por meio do hidrogênio”.
Outras tendências identificadas pela especialista são de que empresas tradicionais fornecedoras do setor automotivo estão fabricando e comercializando máquinas, equipamentos e componentes para o setor do hidrogênio. E montadoras estão fornecendo tanto veículos como sistemas de células a combustível para diversas aplicações, como mobilidade, geração estacionária, marítimo, ferroviário e de máquinas de construção e logística.
O grupo de estudo número 8 do MiBI, Made in Brazil Integrado, dedicado ao hidrogênio, mapeou os fabricantes de componentes de sistema de célula a combustível e identificou que boa parte das empresas possui subsidiárias no País. São exemplos fabricantes de sistemas de célula de combustível, stacks, o coração da célula, e placas bipolares, motivadas, principalmente, por caminhões pesados e eletrolisadores.
O MiBi, reforçou Monica Panik, é a porta de entrada para ajudar as empresas a integrarem o setor: “E o prazo para isso é curto, de apenas cinco ou seis anos. Fornecedores da cadeia que se interessem, portanto, devem buscar a rede colaborativa o quanto antes”.
Fonte: Autodata