O Novo Paradigma do Compliance – A crescente demanda por transparência e conformidade
está moldando um novo paradigma empresarial. A CSDDD, aprovada recentemente pelo
Parlamento Europeu, impõe que as empresas controlem rigorosamente os aspectos
socioambientais de suas cadeias de fornecedores para evitar a comercialização de produtos
em desacordo com as novas diretrizes.
Multas, sanções comerciais, manutenção e atração de investimentos e até limitação de crédito
podem afetar o desempenho financeiro. Por exemplo, o BNDES estendeu o veto a clientes com
embargos ambientais em vigor, sublinhando a importância de uma gestão ambiental rigorosa
para a obtenção de financiamento.
Embora a adaptação a essas novas exigências possa representar desafios significativos, ela
também abre um leque de oportunidades para as empresas. Aquelas que se posicionarem à
frente dessa curva regulatória não apenas evitarão impactos negativos em seus negócios, mas
também poderão se destacar como líderes em sustentabilidade. Isso pode resultar em
vantagens competitivas importantes, como atração de investimentos, fidelização de clientes e
fortalecimento da marca.
A adequação à CSDDD é imprescindível para corporações brasileiras que fazem parte dessas
cadeias de valor. Como a mola propulsora da economia brasileira é o agronegócio e sua cadeia
produtiva, o desafio é monumental. De acordo com o Cadastro Ambiental Rural, são ao menos
7,3 milhões de propriedades, 633 terras indígenas e 2.618 unidades de conservação que
podem impactar empresas e produtores rurais que façam parte da cadeia de valor dessas
corporações.
Nesse cenário, a tecnologia será mandatória, bem como profissionais experientes para
comprovar a adequação aos novos padrões e manter ativos negócios no continente europeu.
De acordo com pesquisa recente da Logicalis, 94% dos gestores de TI consideram seus
departamentos essenciais para metas de sustentabilidade, com 86% planejando expandir
orçamento para projetos na área.
Ferramentas avançadas de monitoramento permitem a gestão integrada de riscos
socioambientais, utilizando dados de diversas fontes para fornecer alertas precoces sobre
potenciais problemas. Essas plataformas podem monitorar processos em tribunais, listas
restritivas e fontes públicas, antecipando riscos como práticas de trabalho infantil ou escravo.

A evolução do compliance socioambiental reflete uma mudança profunda nas expectativas e
responsabilidades das empresas. Em um mundo cada vez mais interconectado e consciente
dos impactos ambientais e sociais, a capacidade de monitorar e gerir de forma eficiente os
riscos socioambientais tornou-se essencial para a sustentabilidade de longo prazo das
corporações. U
Por fim, a integração de práticas socioambientais nas operações diárias das empresas não deve
ser vista apenas como uma obrigação regulatória, mas como uma oportunidade de liderar a
transformação para um mercado mais eficiente e sustentável. As empresas que abraçarem
essa mudança estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios do futuro e contribuir
positivamente para a sociedade e o meio ambiente.
Fonte: Valor Econômico