A transição energética tem sido, de uma forma ou outra, o cerne de muitos dos artigos publicados recentemente. A expansão das fontes renováveis intermitentes (eólicas e solares) e seus novos usos (calor industrial), a alteração e importância do papel das hidrelétricas, incluindo novas modalidades, como as usinas reversíveis, são temas já explorados.

Outro ator importante neste cenário de redução de emissão de carbono e garantia de suprimento é o gás natural, na medida em que possa vir a substituir fontes mais emissoras (como carvão, diesel e óleo combustível). No entanto, não é tão intuitivo o reconhecimento de que importa – e muito – “como” o gás natural vai ser administrado.

Uma solução que ganhou espaço dentro do Brasil nos últimos anos foram as usinas termelétricas movidas a gás natural cujos projetos independem da malha de gasodutos, aumentando o portfólio de empreendimentos que podem colaborar para a resiliência do sistema. Navios ou caminhões podem ser utilizados para transportar o combustível em forma líquida mediante a redução de temperatura do gás, que passa a ser conhecido como GNL, ou Gás Natural Liquefeito.

Considerando a característica do sistema elétrico brasileiro, que opera de forma centralizada e harmônica, os agentes responsáveis pelas usinas termelétricas devem dispor de mecanismos e ferramentas internas para garantir a otimização entre as cargas de GNL (chegada de navios ou caminhões) e sua queima para a produção de energia elétrica. Erros no direcionamento das cargas podem gerar “falta de combustível” ou “excesso de combustível”.

Sem adentrar nos reflexos de danos econômico-financeiros aos agentes, ambos erros também acabam sendo prejudiciais à eficiência energética, pois o primeiro pode resultar na utilização de geração da fonte “mais ineficiente” naquele momento, e o segundo pode levar a queimas desnecessárias do combustível visando evitar seu desperdício.

Adicionalmente, uma boa e eficiente logística de GNL pode garantir maior flexibilidade na utilização do combustível, aumentando sua complementariedade com as fontes renováveis intermitentes e reduzindo custos que oneram o consumidor.

Fonte: Exame