As empresas brasileiras têm neste momento de tragédia no Rio Grande do Sul, uma oportunidade de reforçar o espírito de time e de propósito, e demonstrar que têm um papel maior na sociedade

Todos nós brasileiros assistimos uma das maiores tragédias provenientes de uma catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul. Fiquei me perguntando o que poderia escrever como forma de reflexão e gestão nesse momento.

Acho que posso colaborar com uma proposição aos empresários brasileiros de como desenvolver em suas empresas uma ação solidária com enormes e significativos ganhos colaterais para uma cultura forte e com propósito de impacto positivo, um otimismo pragmático frente às dificuldades.

Em um cenário muito difícil de encarar e repleto de desafios e incertezas, o otimismo pragmático surge como uma filosofia que combina esperança e realismo. O que chamo de otimismo pragmático é a adoção de uma abordagem mental que envolva a expectativa de resultados positivos baseada em ações práticas e realistas. Utilizar uma abordagem de otimismo irrestrito seria assumir esperanças infundadas, negligenciar o tamanho dos desafios.

Mas se deparar com as inúmeras ações de empatia e solidariedade que estão ocorrendo pode ser o primeiro passo para adotar uma nova abordagem. A meu ver, não é hora de iniciar um debate político, uma busca por culpados enquanto famílias procuram seus entes perdidos e levados pelas águas; pessoas estão desalojadas, sem água potável ou roupas para vestir, e animais morrem de fome à espera de resgate.

Vejo que as empresas têm neste momento uma oportunidade de reforçar o espírito de time e de propósito, e de demonstrar que têm um papel maior na sociedade, e não apenas a função de gerar lucro aos seus acionistas.

Podemos assumir um passo a passo com nosso time e, assim, desenvolver algo grandioso e exemplar. Vou dizer como seria um caminho interessante a partir de uma visão otimista pragmática.

Assumir que estamos vivendo algo muito sério e com impactos devastadores nas vidas dos gaúchos. E então reunir seu time para uma conversa propositiva: como nossa empresa pode ajudar? Qual a nossa forma de atuar, entendendo que somos todos parte de um mesmo ecossistema?

Eu começaria com uma avaliação realista: reconheça as possibilidades que sua empresa tem de atuar e apoiar de forma honesta e transparente.

O segundo ponto que pode ser muito motivador para todos, seria o estabelecimento de metas claras e alcançáveis. Vamos arrecadar X litros de água, vamos doar X cobertores ou vamos direcionar X quantidade de nossos produtos. Faça algo que tenha uma construção conjunta de doação da empresa e de colaboração dos funcionários de alguma forma.

Aproveite para trazer a essa força-tarefa de ajuda uma visão de “foco na solução”, abrindo espaço para um debate propositivo, buscando respostas em vez de se deter nos problemas.

Faça reuniões de acompanhamento das ações, reporte aos demais, envolva seu time na confiança de que juntos somos capazes de superar as adversidades.

Eu posso dizer que adotar uma postura ativa frente ao grande desafio que estamos enfrentando no Rio Grande do Sul não só tem um impacto real na vida de tantas pessoas que estão precisando de ajuda como também prepara nosso time, fortalece o senso de comunidade e nos traz a reflexão que, com união de esforços, somos capazes de superar os desafios apresentados por essas situações extremas.

Flávia Camanho é conselheira, mentora e especialista em desenvolvimento humano

Fonte: Valor Econômico